Mais de um século depois do lançamento do livro e cerca de 80 anos depois do filme, O Mágico de Oz ainda traz uma leitura hodierna que se conecta com os nossos principais dilemas,  sustentada por três pilares – cérebro (pensar), coração (amar) e coragem (agir) – que servem como analogia para os tempos conturbados que vivemos, nos quais os avanços tecnológicos, as mudanças sociais e na organização do trabalho aceleram transformações e se instalam como o novo normal, exigindo o rearranjo das estruturas convencionais.

No mundo corporativo, é preciso lidar com o volume de informações e com demandas repetitivas, que se multiplicam geometricamente, bem como atender às expectativas de um público exigente e satisfazer a necessidade imperiosa de tornar às organizações eficientes e menos onerosas. Para o alcance desse intento, espera-se dos profissionais a capacidade de serem disruptivos com o que precisa ser transformado, adaptarem-se a novos contextos laborais e se reinventarem para enfrentar os desafios que virão.

Essas breves considerações, meus caros amigos, têm o condão de dizer que, sim, a inteligência artificial, com seus símbolos computacionais, mecanismos e algoritmos, deve se firmar com mais força nas dinâmicas de trabalho e – além – em nossa vida privada. Não acredito no caos advindo dessa mudança, porque confio nas maravilhosas e insubstituíveis habilidades dos seres humanos. O propósito maior do nosso ofício é pacificar e fazer Justiça. Nessa seara, vale a máxima: “Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana” (Karl Yung).

Impregnada desse espírito, a Escola de Formação Judiciária delineou e desenvolveu as soluções educacionais no ano de 2019. Ações que, alinhadas ao planejamento estratégico do Tribunal, bem como aos ditames legais que regulam a atuação no TJDFT, visam promover a atualização do quadro funcional, preparando-os para o desempenho de suas atribuições, de modo que esse agir convirja para o atingimento dos objetivos institucionais.

Pensando na formação e aperfeiçoamento de todos os públicos, novos formatos, metodologias e recursos pedagógicos foram empregados em 2019 para entregar uma educação corporativa antenada com o que existe de mais moderno para mediar a relação ensino-aprendizagem e para fazer da Escola não apenas um espaço do saber, mas um ambiente de fomento à inovação, gerador de conexão entre as pessoas.

A participação nas ações ofertadas, seja na modalidade presencial ou a distância, exprime o anseio do público interno e externo de se aprimorarem individualmente ou no exercício de suas atribuições, mas também revelam o compromisso da Escola em oferecer um leque de opções de aprendizagem, que se traduzam em entregas efetivas no local de trabalho.

Tais iniciativas refletem o estímulo ao saber jurídico e à aquisição de competências técnicas inerentes à prática laboral. O Direito é, indiscutivelmente, a matéria que permeia as atividades dessa Corte de Justiça, um organismo vivo em constante mutação, razão pela qual seu enfoque merece sempre nossa atenção. Não obstante, temas técnicos e transversais, adstritos às mais variadas áreas do conhecimento, foram contemplados para as áreas administrativas do Tribunal e tratados com acuidade e o rigor técnico por docentes qualificados.

Concluo, ciente de que as inovações tecnológicas se impõem e tornam o trabalho mais cognitivo, complexo e interconectado, e exigem do trabalhador mais inteligência, adaptabilidade e habilidade relacional. Vislumbro nos magistrados e servidores do TJDFT tal protagonismo e atributos. Como no filme Mágico de Oz, nessa jornada de transição, precisamos de coragem, um coração sensível e muito conhecimento para nos encontrarmos com esse profissional do futuro que seremos. A Escola esteve ao seu lado em 2019. Seguimos.